As Histórias por Trás do design

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Você já parou para pensar que todo móvel tem uma história por trás? Um conceito que traduz a bagagem de cada designer e quais sentimentos ele deseja despertar com aquela peça. É isso o que torna o design brasileiro tão rico e diverso, uma verdadeira miscelânea de ideias. A GP Life Decor é uma grande entusiasta do design autoral, por isso convidamos alguns talentos da área para um bate-papo sobre suas criações.

Confira abaixo o que eles têm a dizer sobre suas peças:

Luminária Lume, por Bruno Faucz

“ A demanda por uma luminária veio da fábrica, então comecei a desenhar alguns modelos, sempre buscando um desenho eclético que não necessitasse de uma decoração específica. Busquei traços dinâmicos, queria que as linhas da peça fossem contínuas, fluídas, por este motivo o encontro entre as diferentes peças de madeira é sempre tangencial. Utilizei chanfrados e raios para dar suavidade e valorizar a madeira maciça.

Adoro trabalhar com madeira, sem dúvida é meu material preferido. Neste caso em específico a sugestão foi da fábrica parceira, eles desenvolveram um molde e na hora eu topei a ideia. Procuro trabalhar sempre em comunicação direta e constante com as fábricas, pois isso deixa o trabalho fluir muito bem.

Pensando que a luminária poderia ser usada em um quarto ou próximo da entrada da casa, coloquei uma pequena bandeja centralizada, imaginando que pequenos objetos de uso cotidiano pudessem ser deixados ali (chaves ou carteiras, por exemplo) ”

Lume

Aparador Lucio, por Théo Egami

“ Esse móvel teve inspiração na década de 1960. Utilizei referências como Niemeyer, Joaquim Tenreiro, entre outros. O nome Lucio faz uma menção a Lucio Costa, professor e parceiro de trabalho de Oscar Niemeyer. Depois da inspiração, elaborei alternativas de funcionalidades para o produto, e, por fim, somei os materiais e tecnologia disponíveis no mercado que tinham relação com o desenho da época e o potencial da fábrica.

Após essa compilação de informações, passo à fase dos croquis. Essa fase é a hora de unir tudo o que foi compilado e começo a dar vida ao produto através de rabiscos e desenhos. Por fim, o desenho toma vida e é feito o primeiro protótipo, fase na qual são corrigidos todos os problemas construtivos, problemas de processo de produção e coerência do desenho.

Nesse caso resolvi apresentar materiais ligados à década de 1960. A mistura de madeiras como louro negro e pau ferro mesclado com a cor preta é algo recorrente daquela época, o mesmo ocorre nos metais e couro, então podemos resumir que esse aparador, apesar de simples, segue uma coerência formal tanto no que se refere a desenho como escolha de materiais ”

Lucio

Poltrona Monalisa, por Cintia Gomes

A poltrona Monalisa foi concebida em 2011 com o intuito de oferecer imponência, classe e estilo para os ambientes. No momento de criação, além da beleza e ergonomia, também há a preocupação com todos os processos de fabricação do móvel, desde o desenho à montagem e acabamento, visando maximizar processos e custos.

A peça é desenvolvida artesanalmente com cordas ecológicas, fabricadas através da reciclagem de garrafas PET. A cada quilograma de corda ecológica produzida, cerca de 20 garrafas PET de dois litros deixam de ser descartadas na natureza ”

monalisa

Poltrona Temes, por Lattoog

“ A poltrona Temes dá sequência a um conceito iniciado com a poltrona Pantosh: a ideia de Design-Fusão, criada originalmente pela Lattoog, que se define basicamente pela mistura dos desenhos de outros móveis consagrados em décadas anteriores, resultando na chamada “família Vira-lata”. A Temes é a segunda peça dessa família e a primeira peça que incorpora na fusão um móvel brasileiro. Neste caso, uma cadeira de Joaquim Tenreiro projetada nos anos 40-50 se articula com a ´La Chaise´, de Charles e Ray Eames, feita em 1948. O próprio nome da poltrona também brinca com o conceito de fusão: Tenreiro + Eames = Temes.

A complexa construção da Temes só foi possível após uma série de estudos em “chão de fábrica” que resultaram em uma combinação sequencial de técnicas construtivas que incorporam prensagem de laminados em curva, cortes em fresas computadorizadas (CNC) , boleados… Um dos maiores desafios foi não perder as qualidades formais do conceito inicial que abusa de curvas. Vários protótipos foram construídos até chegar ao consenso ideal ”

temes

Obra Aerial, por Marcio Pontes

“ Acho a arte uma coisa extremamente importante em uma sociedade. É ela que fará as pessoas pensarem e perceberem o momento em que estão inseridos na história. De uma maneira mais simples e decorativa, acho que é a arte que vai refletir a felicidade e sonhos de cada um.

A inspiração para o meu trabalho vem da minha maneira de observar a vida ao meu redor. Parte disso é o interesse pela arte disponível em galerias, museus, cinema, fotografia e livros. Outra observação vem das ruas e da arquitetura que cerca nosso bairro e que às vezes tem que ser percebida. É a percepção de luz e sombra, a geometria de janelas e fachadas em um novo prédio, por exemplo. Já a natureza tem a mais perfeita geometria e organização – desde as células até as cores que encontramos nos animais e plantas. Isso serve de mistura para a minha geometria, minha maneira de organizar e repetir elementos nos quadros que tenho produzido ”

aerial

Mesa Hall Ballerina, por Amélia Tarozzo

“Havia uma demanda do fabricante para que eu desenhasse uma mesa de hall, um pouco mais alta. No início me inspirei na catedral de Brasília, com suas vigas que sobem e se encontram em um eixo mais acinturado. Depois que eu comecei com esses traços que se convergiam para um ponto no centro, decidi que aquele centro precisava ser valorizado – já que ele foi muito estudado. Por isso quis colocar essa cinta metalizada para que desse o arremate final, e também as ponteiras nos pés. Ao final, me deparei com um desenho que me lembrou as bailarinas.

Para mim, o segredo para usar acabamentos metalizados sem pecar pelo exagero está na compensação de materiais. Eu prefiro que as peças sejam mais neutras, então o uso do metal nos meus projetos é sempre muito equilibrado – com madeiras mais sóbrias e escuras, sem muitos adornos para decorar o produto”.

ballerina

Buffet Quadros, por Leandro Garcia

“A ideia foi criar uma peça simples e sofisticada, onde cada uma de suas partes foi pensada para ser trabalhada com diferentes matérias-primas, sendo as portas, itens que ficam em maior evidência visual e recebem o contato físico do usuário na maior parte do tempo, os mais valorizados, tanto pelos puxadores e molduras metálicas como pelos revestimentos de couro.

Trabalhamos todo o desenho, formas e proporções da peça, e o resultado é um produto que dá ao cliente a liberdade de personalizar o móvel de acordo com a sua vontade ou necessidade, já que existe uma infinidade de possibilidades de combinações entre os diversos acabamentos de metais, couros e madeiras ou pinturas”

Quadros